Desligar o piloto automático da nossa vida ou, por outras palavras, focalizar a nossa atenção no nosso presente, naquilo que estamos a fazer, afastando os pensamentos e preocupações automáticas que nos fazem viver em afã. É o mindfulness e em português traduz-se por meditação plena.
É um instrumento de educação da atenção: educar a nossa mente a viver com foco pleno no momento que está a ser vivido. É uma prática que se tornou aclamada para reduzir o stress, o risco de doenças, para estancar a ansiedade e para melhorar o bem-estar. Cultivada vai para 3 mil anos, era desdenhada fora do perímetro das almas zen mas que, neste século XXI, conquistou a comunidade científica. Inventada por monges budistas, laicizada e desenvolvida pela ciência ocidental, a “meditação plena” desencadeou uma onde de adesões com as suas virtudes para o bem-estar, portanto para a saúde.
Walking mindfulness é um modo de, através da caminhada, melhorar a experiência de meditação plena – portanto, de libertação de preocupações.
“A experiência de caminhar torna-se o nosso foco. Temos a meditação facilitada pelo caminhar.”
No ano 2000 foram publicados apenas quatro estudos científicos sobre mindfulness. Depois, a literatura científica cresceu exponencialmente. Em 2015, o número de publicações passou para mais de 500. Por exemplo, o estudo publicado no Journal of Consulting and Clinical Psychology concluiu que um programa mindfulness reduziu em 43% as recaídas em pessoas que sofrem de depressão.
A generalidade dos estudos, por exemplo os liderados por David Creswell, psicólogo diretor do Health and Human Laboratory, na Carnegie University de Pittsburgh, demonstram que o mindfulness tem muito mais do que um efeito placebo. É por isso que as grandes empresas dos EUA mais iluminadas para a qualidade da produtividade dos seus colaboradores, como a Google, estão a instalar programas “Search inside yourself”, na prática, programas de mindfulness para desenvolver o auto-controlo e a serenidade. É um antídoto frente ao stress do trabalho e da vida em geral.
Está demonstrado por vária literatura científica que o andar a pé facilita o encontro com a meditação plena. Caminhar é, com frequência, ocasião para pensarmos noutra coisa.
O que se pretende com o walking mindfulness, como explica Laurence Bibas, autora do Manuel de mindfulness, [cap.1] é a
“tomada plena de consciência de cada gesto da marcha: concentrarmo-nos no movimento dos pés, das pernas, na nossa respiração, encontrarmos o nosso centro de gravidade; começamos por apontar o olhar, por exemplo, para a biqueira dos sapatos, depois levantamo-nos para ver seja uma pedra ou uma fonte ou para sentir melhor a brisa fresca e ouvir os sons da natureza”.
Explica ainda Laurence Bibas:
“Ficam assim automaticamente afastadas as divagações mentais, as preocupações que vêm de trás ou as ansiedades sobre o futuro, vem sim, como efeito, a desejada sensação de tranquilidade, o retorno a nós mesmos, à nossa simplicidade, com um sorriso, sem inquietações”.
Em suma, com a caminhada mindfulness, mudar o equilíbrio para melhor o encontrar. O stress supera-se meditando e a caminhada ajuda.