“Todas as verdadeiramente grandes ideias surgem enquanto caminhamos”, observou Nietzsche. Henry Thoreau corroborou esta afirmação ao contar a experiência pessoal: “quando as minhas pernas começam a mexer-se as ideias começam a fluir”. Charles Dickens fazia longas caminhadas todos os dias. Robert Walser estava convencido de que “sem os passeios a pé não teria conseguido escrever meia linha de um poema”.
É uma matéria ainda em fase de estudos a explicação dos mecanismos que levarão as caminhadas a pé a inspirar a criatividade e a clareza. Sabe-se que Sócrates – o grego, claro – deambulava incessantemente pela cidade. Na Academia de Platão e de Aristóteles, as sessões decorriam em passeios pelos jardins.
Um estudo publicado no European Journal of Developmental Psychology mostra que, tanto em crianças como em adultos, um exercício de memória tem melhores resultados quando os participantes estão a caminhar em vez de sentados. Os cientistas especulam que a excitação fisiológica do caminhar favorece a atividade cerebral.
Um estudo de investigadores da Stanford Graduate School of Education, liderado por Dan Schwartz reforça a ideia. É facto que os mecanismos fisiológicos deste processo estão ainda por apurar com precisão definitiva. Não sabemos o detalhe do mecanismo mas temos evidência de que os níveis de criatividade ficam consistentemente mais elevados quando se caminha do que quando se está sentado.