Trata-se de um plano de ação global para a atividade física e a saúde, a desenvolver ao longo de uma dúzia de anos (2018/2030), em todo o mundo. A autoria do plano de ação é da Organização Mundial de Saúde (OMS), cujo Diretor-geral, Tedros Adhanom Gebreyesus, escolheu Portugal para o lançamento mundial. “A sociedade tem de compreender que estamos perante um problema sério, que já está no nível de crise”, disse o Diretor-geral da OMS em entrevista ao Jornal do Coletivo Zebra. Tedros Gebreyesus alertou que “já estamos atrasados, não podemos esperar mais” para lançar resposta robusta ao sério problema da muito baixa atividade física das pessoas, o que constitui grave problema de saúde.
Os números assustam, poderosos: por todo o mundo, um em cada cinco adultos e quatro em cada cinco adolescentes (11/17 anos) não praticam a atividade física considerada suficiente. O Diretor-geral da OMS lembra nesta entrevista ao JZ que “70% das mortes em cada ano no mundo são causadas por doenças não transmissíveis”. É o caso do ataque cardíaco ou acidente cardiovascular, da diabetes e de cancros da mama ou do cólon. A prática de atividade física – o andar a pé é um passo decisivo – está cientificamente reconhecida como antídoto perante esse tipo de doenças.
O GAPPA, plano de ação global para a atividade física e a saúde, que teve lançamento mundial na Cidade do Futebol, em Oeiras, às portas de Lisboa, propõe a todos os países do mundo um conjunto de 20 ações prioritárias pensadas para resolver fatores culturais, ambientais e individuais que influenciam o sedentarismo. O Diretor-geral da OMS mostrou nesta visita a Lisboa entusiasmo por práticas como o “Walk with a Doc”. Foi, aliás, experimentar: acompanhado pelo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, aproveitou a viagem a Lisboa para ir à Unidade de Saúde Familiar (USF) da Baixa, e a partir dali, no número 43 da Rua da Palma, acompanhar uma caminhada pela Baixa lisboeta, conduzida pela equipa de médicos e enfermeiros daquela USF. Cristiano Figueiredo é o médico que iniciou na USF Baixa esta prática “Walk with a Doc”, que replica a iniciativa lançada em 2006, no Ohio, nos Estados Unidos, pelo cardiologista David Sabgir.
QUEM É O DIRETOR-GERAL DA OMS
Tedros Adhanom Gebreyesus foi eleito Diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, na Assembleia Mundial da Saúde, em maio de 2017. É o primeiro Diretor-geral da OMS eleito em assembleia mundial e também é o primeiro africano a liderar esta organização da ONU, que já teve o comando de figuras como a Nobel norueguesa Gro Harlem Brundtland (mandato entre 1998 e 2003). Tedros Gebreyesus, antes de ser eleito para a OMS, foi ministro da Saúde (2005/2012) na Etiópia, sendo-lhe creditada uma ambiciosa reforma do sistema de saúde do país. Na visita, agora, a Portugal, Gebreyesus fez questão de elogiar o Serviço Nacional de Saúde, de Portugal, com homenagem ao seu tenaz criador, António Arnaut. Após ter liderado o ministério da Saúde, Tedros Gebreyesus exerceu, durante quatro anos, o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros, no governo da Etiópia. O atual Diretor-geral da OMS nasceu em Asmara, na Eritreia, é titular de doutoramento em saúde comunitária, pela Universidade de Nottinhgham e especialização em imunologia das doenças infeciosas, pela Universidade de Londres. É um reconhecido especialista na luta contra o paludismo e o VIH/Sida. “O acesso de todos aos cuidados de saúde” foi a prioridade na candidatura de Tedros Gebreyesus ao posto de Diretor-geral da OMS. Mulheres, crianças e adolescentes foram, a par das consequências sanitárias das alterações climáticas.