É um tempo breve de atividade física, apenas 15 minutos em cada dia, se for exercício robusto. Ou uma hora de atividade moderada, pode ser a caminhar, a pedalar ou até mesmo a tratar as plantas no jardim. É o bastante para proteger a pessoa que pratica essa atividade contra o desenvolvimento de depressão.
A conclusão está num inovador estudo Assessment of Bidirectional Relationships Between Physical Activity and Depression Among Adults, publicado no JAMA Psychiatry. A investigação envolveu o estudo de centenas de milhar de pessoas e recorreu à randomização mendelliana, um método de análise estatística que permite o estudo de casos em larga escala, sem que os custos da investigação fiquem proibitivos.
A equipa, liderada por Karmel Choi, investigador no pós-doutoramento em Genética Psiquiátrica no Massachusetts General Hospital e T.H. Chan da Harvard School of Public Health, concentrou-se no estudo de pequenos fragmentos de genes e, especificamente, nas variações de pessoa para pessoa. Essas variações são determinadas e transmitidas antes do nascimento e não mudam mais, independentemente das condições sociais, económicas ou educacionais. A equipa de investigadores, com larga escala de informação recolhida, analisou comportamentos e riscos de saúde específicos relacionados com os tipos de variações genéticas. Ficou identificado, por exemplo, que uma determinada variação torna a pessoa mais propensa a comer mais do que outra sem essa variação.
Através do estudo de centenas de milhar de amostras recolhidas, a equipa de Choi e Chan concluiu que essas diferenças no DNA são, de facto, relevantes dados randomizados proporcionados pela natureza. A conclusão decorreu da circunstância de as amostras estudadas terem sido selecionadas de modo matematicamente aleatório.
A partir dessa aleatoriedade inerente os investigadores puderam relacionar um risco de saúde ou determinado comportamento associado a variações específicas no DNA.
A equipa de Choi e Chan escolheu como um foco de investigação o relacionamento entre atividade física e depressão. Partiu da recolha de informação no Biobank, enorme base de dados genéticos e de saúde em geral no Reino Unido. Foram tomados os dados de cerca de 400 mil pessoas, tanto homens como mulheres. Nessa enorme base para trabalho procuraram as pessoas com pelo menos uma das variações genéticas do grupo identificado como propulsor de atividade física.
O estudo posterior veio a verificar que essas pessoas tinham, de facto, práticas de atividade física e eram raras as que tinham passado por depressão.
Pelo contrário, o estudo sobre igual número de pessoas sem aquelas variações, mostrou baixa atividade física.
Em busca de consolidação de conclusão, a equipa de investigadores repetiu a análise mendeliana com os dados de um outro banco. Neste caso, procuraram casos de pessoas com a variação genética que é associada à depressão. Averiguaram a seguir, destas, as que são fisicamente ativas. Apuraram que a propensão para a depressão não se manifestou nas pessoas que cultivam a atividade física.
O estudo foi em seguida aprofundado para a procura de tempos de efeito. Foi verificado, estatisticamente, que 15 minutos de exercício robusto em cada dia corresponde ao ideal para prevenir a depressão. Se a atividade física for mais tranquila, como o andar a pé ou fazer jardinagem, nesse caso o tempo ideal sobe para uma hora diária.