É incontestável que T.S. Eliot (1988-1965) é o poeta inglês mais aclamado de todo o século XX. Num dos poemas mais celebrados e vanguardistas, A Canção de Amor de J. Alfred Prufrock, idealizado enquanto caminhava, Eliot associa “uma jornada a pé” a “uma jornada entre os estados de espírito”.
Aristóteles conduzia palestras enquanto caminhava pelos terrenos da escola que liderava em Atenas. Friedrich Nietzsche deixou dito que “os pensamentos alcançados enquanto caminha são os que têm mais valor”.
O neurocientista irlandês Shane O’Mara, professor no Trinity College em Dublin, lembra-nos tudo isto em In Praise of Walking, livro onde explora o que acontece nos bastidores do nosso cérebro enquanto andamos a pé. Shane O‘Mara é um apaixonado pelo andar a pé.
O´Mara insiste que “desenvolver uma atividade física, como o caminhar, antes da pessoa se dedicar a um ato criativo é uma influência muito poderosa, promove a ativação de todo o cérebro”. Comenta com ironia: “Passar o dia todo sentado a uma mesa é como começarmos a ficar uma espécie de pólipos; precisamos do despertar que vem do caminhar para ficarmos efervescentes”.
O campo principal da investigação de O’Mara é de vasta pesquisa experimental sobre aprendizagem, memória, criatividade, stress, ansiedade e depressão. Cita as conclusões de um estudo desenvolvido ao longo de 20 anos que mostram como os envolvidos com prática de atividade física têm taxas mais baixas de depressão, enquanto os mais sedentários têm níveis mais baixos em parâmetros de avaliação como abertura, simpatia, extroversão e bem-estar”.
Mesmo nos tempos em que o Covid-19 impõe distanciamento social a prática de caminhadas a pé, sem contactos com outras pessoas e com todas as cautelas amplamente recomendadas, é um contributo especial para mais bem-estar.
In Praise of Walking, por Shane O’Mara é publicado por Vintage (agosto de 2019. £16.99)