Quando a gripe espanhola, em 1918, atingiu os Estados Unidos da América, foi necessário improvisar a instalação de hospitais em tendas para acolher os tantos doentes. O pico da crise atravessou o verão muito solar mas ameno. Está relatado que as equipas de coordenação da intervenção médica em Boston orientaram os doentes menos prostrados para que saíssem da tenda hospitalar e caminhassem alguns minutos nos relvados em volta, para apanharem ar e o sol contido do fim da tarde.
Esta opção foi analisada num estudo científico publicado em 2009, no qual é concluído que “a combinação de escrupulosas medidas de higiene com ar livre, algum sol e o uso de máscaras, parece ter reduzido substancialmente o número de mortes, quer entre os pacientes quer entre o pessoal dos cuidados de saúde”.
Agora, com o covid-19, estamos avisados e bem consciente de que, para estancar a propagação do vírus, é preciso cuidar a distância social. Indiscutível. Mas uma hora diária a pé, em modo solitário, respeitando com rigor as distâncias recomendadas (preferimos 4 a 5 metros), não contraria esse princípio essencial. É um facto que muita gente não tem essa liberdade para praticar uma caminhada diária. Mas, neste tempo longo da pandemia, mantermos a atividade física que tem como expressão mais simples o andar a pé em passada robusta, é um contributo para evitar problemas que vão da depressão à perda de massa muscular. Quem, não estando contaminado, cultiva a caminhada diária, acautelando a distância social devida, não está a prejudicar a saúde coletiva, está a servi-la.