A pandemia faz-nos pensar em novos modos de viver a cidade

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A pandemia faz-nos pensar em novos modos de viver a cidade

Não queremos que as cidades voltem à poluição e balbúrdia que tinham antes da pandemia SARS-CoV-2, queremos espaço, calma, menos automóveis e mais vias para mobilidade sem poluição. Isto é, em síntese o que resulta de uma sondagem conduzida pela YouGov em 21 cidades europeias.
Foram inquiridas, entre 14 e 21 de maio, 7.545 pessoas em Madrid, Barcelona, Paris, Lille, Lyon, Marselha, Nice, Toulouse, Roma, Milão, Bruxelas, Berlim, Colónia, Frankfurt, Hamburgo, Munique, Londres, Birmingham, Glasgow, Leeds e Manchester. Esta pesquisa de opinião foi encomendada à YouGov por duas ONG, a Transport & Environment e a European Public Health Alliance.
A mobilidade ativa dos cidadãos está a crescer no pos-pandemia: um de cada três inquiridos planeia andar mais a pé e um de cada cinco projeta andar mais de bicicleta.
Os números são expressivos em todas as preferências sondadas: 68% dos inquiridos querem políticas de redução da poluição atmosférica, incluindo restrições no acesso de automóveis ao centro das cidades.
É em Londres que esta posição é mais generalizada, com 84% de defensores. Segue-se Madrid (83%), Barcelona (81%), Milão e Glasgow (79% cada) e Marselha, Leeds e Manchester (78% cada).
Sascha Marschang, secretário-geral da European Public Health Alliance (EPHA) comenta estes resultados com a constatação de que “as pessoas experimentaram respirar na cidade com ar limpo e querem continuar com essa qualidade de vida”.
William Todts, Diretor Executivo da Transport & Environment (T&E), acrescenta que os líderes municipais em Paris, Londres e Bruxelas já ativaram medidas temporárias de mobilidade sustentável, agora, o desafio é o de tornar essas medidas permanentes, o que passa por expandir as pistas cicláveis, limitar a circulação automóvel e ao mesmo tempo melhorar a rede de transportes públicos limpos”.
A Agência Europeia do Ambiente (EEA) considera a poluição do ar como a maior ameaça ambiental na Europa, sendo responsável por 400 mil mortes prematuras em 2017.
As respostas a esta sondagem apontam no sentido do que há muito deseja quem planeia cidades mais amigas das pessoas.
Várias cidades já estão a mudar neste tempo pos-Covid. Paris está a investir 300 milhões de euros na criação de uma rede de pistas cicláveis com 680 quilómetros. Antigos espaços para parqueamento de automóveis na capital francesa estão agora convertidos em esplanadas. No centro de Bruxelas estão ampliadas tanto as zonas livres de automóveis (exceto residentes) tal como as cicláveis. Dublin está a reduzir o estacionamento automóvel.
“A pandemia deu-nos um empurrão para que avancem políticas de novo modo de viver a cidade que já estavam a ser pensadas”, comenta Bart Dhondt, vereador para a mobilidade em Bruxelas.

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