Em tempo de confinamento andamos mais a pé para relaxamento e exercício

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Inquérito do Gehl Institute durante a pandemia: estamos a dar mais valor ao espaço público

Em tempo de confinamento andamos mais a pé para relaxamento e exercício

O espaço público é o nosso principal lugar de partilha, nem sempre bem explorado. Apesar da nova realidade que nos impõe as restrições de distância social, a pandemia está a revelar um valor antes negligenciado no espaço público próximo de casa: deixa de ser tanto um lugar de passagem em atravessamento para se impor como um lugar de descompressão, atividade física e socialização na distância recomendada.
Um arquiteto dinamarquês, Jan Gehl, há 50 anos, então jovem recém licenciado, já perguntava: como é que não têm em conta o modo como as estruturas urbanas das cidades influenciam quem as habita e frequenta? O facto de Gehl ser casado com uma psicóloga contribuiu para a exploração desta ideia.
Jan Gehl dedicou o último meio século a melhorar a qualidade de vida urbana abatendo as fronteiras entre a arquitetura, a sociologia, a psicologia, a saúde pública e o planeamento urbanístico para propor novos modelos de cidade que as tornem mais humanas, mais articuladas, com as pessoas como elemento integrador. Gehl defende que o espaço público seja a sala de estar da cidade e que os centros urbanos estejam livres de carros.
Toda a vida de Gehl tem sido dedicada a dar a compreender que as cidades têm de ser humanas, já que são habitadas por seres humanos. Seres urbanos.
Gehl criou um instituto cuja atividade não lucrativa tem foco nesta ambição de impulsionar cidades mais humanas.

Nesta fase marcada pela pandemia o Instituto Gehl lançou um inquérito internacional sobre a utilização do espaço público neste tempo de restrições e de necessidade de distância social. O inquérito teve mais de 2.000 respostas vindas de pessoas em 68 países.

Resulta dominante nas respostas a mudança de perceção na importância, que se tornou vital, do espaço público.

in Gehlpeople.com


Acumulam-se as respostas que sinalizam o espaço público de parques perto de casa como determinantes para manter a saúde física e mental.

in Gehlpeople.com


Um indicador relevante: dois terços dos respondentes usam espaços públicos diariamente (16% várias vezes ao dia, 51% pelo menos uma vez em cada dia) como espaço de descompressão. 87% dos inquiridos mostra preferência pelo espaço perto de casa.

66% dos inquiridos pela Gehl disse andar mais a pé desde o início da pandemia, o que é naturalmente justificado por as pessoas permanecerem mais perto da zona onde moram. Mas há também quem tenha passado a usar a rua como espaço para relaxamento e exercício, na sua maioria caminhando.

in Gehlpeople.com

O conjunto das respostas leva os peritos do Instituto Gehl a formular várias recomendações:

  • transformar os espaços públicos (parques, zonas verdes) de modo a facilitar a distância social para andar a pé, desenvolver atividade física e usar a bicicleta
  • dar prioridade na intervenção a zonas residenciais sem parque próximo (<10-15 minutos)
  • introduzir práticas de gestão de espaços públicos com tendência para congestionamento; pode ser com a instalação de corredores amplos, zonas de entrada e de saída.

Cerca de metade dos respondentes aponta o espaço público como lugar ideal para a socialização que faz falta.
O desafio está lançado.

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