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Podemos ter mais cidade

“A pandemia, genericamente, corrigiu velhas distorções nas cidades, sobretudo o facto negativo de haver ruas demais para a circulação de veículos motorizados. Vimos as cidades dedicarem espaços de rua para outros usos mais saudáveis, e essa é uma mudança que veio para ficar”, constatou Letícia Sabino, na terceira das conversas do ciclo “Cidade que Abraça”, promovido Coletivo Zebra e pela Associação Corações com Coroa, no âmbito do Co-lab WALK MY CITY FREE.

Reveja aqui a conversa transmitida em livestream em 14 de setembro 2020

O tema para este terceiro dos cinco debates deste ciclo foi “Podemos ter mais cidade”. Os dois convidados para esta conversa, conduzida por Frederico Raposo, transmitido em livestreaming e disponível em gravação, foram Letícia Sabino, mestre em planeamento de cidades e design urbano, fundadora em 2012, do SampaPé, organização com sede em São Paulo, no Brasil, que se dedica ao desenvolvimento de cidades mais caminháveis, e, também, Pedro Homem de Gouveia, arquiteto, especializado em acessibilidade pedonal, participação pública e planeamento estratégico, atualmente Senior Policy e Project Manager na POLIS, em Bruxelas, onde coordena grupos de trabalho para a governação e segurança, após ter coordenado projetos destas áreas em municípios como o de Lisboa.

Pedro Gouveia apontou como grande problema das nossas cidades “a resistência à inovação”. Deu como exemplo a contestação à substituição de muitos passeios em calcário por piso liso, muito mais confortável para toda a gente, especialmente quem tem algumas limitações. Este arquiteto considerou como “fundamental encorajar as pessoas a quererem mudar a sua cidade para melhor”. Especificou ser essencial a pressão de grupos como o Coletivo Zebra que funcionem como porta-voz das ambições e exigências dos cidadãos e, também, que haja eleitos com coragem e liderança para decidir e fazer. Deu o exemplo do acabar com o estacionamento ilegal de automóveis em cima do passeio como prova de que a mudança que não parecia possível é possível.

Letícia Sabino defendeu que as cidades desenvolvam, bairro a bairro, estruturas diversificadas que tornem os lugares mais convidativos, também mais seguros, portanto também mais atraentes para o andar a pé que não deve ser apenas utilitário, com um fim em vista, mas que deve corresponder também, como a pandemia tanto evidenciou, ao prazer de andar a pé.

Esta estratega brasileira lembrou que “caminhar é a forma mais democrática de estarmos na cidade” e explicou que a SampaPé incita as pessoas “para que olhem para a sua cidade de modo integral com sentido crítico, que ousem sonhar e que intervenham, pressionem para que ela seja mais convidativa em todas as escalas, da rua ao bairro e à cidade”. Reforçou que “as mulheres são quem mais caminha nas cidades e têm sido ignoradas no planeamento”. Insistiu na necessidade de a gestão pública se aproximar da cidadania”.


O Co-Lab Walk My City Free resulta de uma parceria entre o Coletivo Zebra, a Associação Corações Com Coroa, a Inland Norway University of Life Sciences e o Norway’s Institute of Transport Economics. Este projeto é cofinanciado pelo fundo bilateral dos EEA Grants.

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